Caveira Mexicana

18/05/2011 14:41

No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, que honra os defuntos no dia 2 de novembro. Começa no dia 1 de novembro e coincide com as tradições católicas do Dia de Finados e o Dia de Todos os Santos. Além do México, também é celebrada em outros países da América Central e em algumas regiões dos Estados Unidos, onde a população mexicana é grande. A UNESCO declarou-a como Patrimônio da Humanidade.
As origens da celebração no México são anteriores à chegada dos espanhóis. Há relatos que os astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas praticavam este culto. Os rituais que celebram a vida dos ancestrais se realizavam nestas civilizações pelo menos há três mil anos. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento.
O festival que se tornou o Dia dos Mortos era comemorado no nono mês do calendário solar asteca, por volta do início de agosto, e era celebrado por um mês completo. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a “Dama da Morte” (do espanhol: Dama de la Muerte) - atualmente relacionada à La Catrina, personagem de José Guadalupe Posada - e esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.
É uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar. Tais culturas adaptaram ao cristianismo espanhol seus ritos e sua maneira de se relacionar com os mortos e com a morte (vista como origem e destino, lugar de descanso e de reencontros). E é essa relação de respeito, de alegria, de fascinação e de intimidade que povoa e comporta a celebração do Dia dos Mortos.
A própria noção de família e dos vínculos que ela anuncia e pressupõe é ampliada e revista. Todos participam dos festejos e com isso alimentam o ciclo infindo contido no ato da memória, porque todos, cedo ou tarde, estarão permutando os lugares e ocupando novas posições nesse vertiginoso e cálido jogo de vida e morte. Os mortos são raiz, seiva, terra e cosmos. A relação com eles é um ato de memória, uma memória coletiva. Por isso, uma frase que escutamos muito freqüentemente nesses dias é: não se deve deixar morrer os nossos mortos, pois cada um é a somatória de seus mortos, que só existem se são lembrados pelos vivos.
As oferendas deixadas aos mortos, carregadas de simbolismo e de identidade, são uma forma concreta e solidária de compartilhar com os defuntos os bons frutos obtidos durante o ano em que o morto esteve ausente. Ofertar é estar próximo ao morto, é dialogar e se reconciliar com a memória de todos. É um reencontro em que o passado e o presente se unem, se buscam e se completam para, de uma forma mítica, gerar e garantir a existência do futuro.
Esse ato de memória está construído não apenas para os mortos, mas também entre os vivos. Parentes distantes encontram nessas celebrações motivos e respaldo para reunirem-se; juntos esperam o regresso de seus mortos. Famílias separadas pela distância voltam a se encontrar e se agrupam em volta de seus mortos. Diante da vida que separa, está a morte que unifica.

 

                                                                                                                                                                                    Fonte: fzeroestudio